Seminário EnCantos e EsPaços acontece em Vitória da Conquista nesta quinta-feira 

Estudante de Poções é um dos participantes do evento que terá a exibição de 15 audiovisuais retratando a relação dos moradores com suas casas e suas histórias de vida.
Por Raquel Soreira
Publicado em 09/10/2024

Nesta quinta-feira (10/10), o Projeto de Extensão Casas e Memórias, parte III,  realiza em Vitória da Conquista o II Seminário Jornalismo, Cidade e Patrimônio Cultural. Com o nome EnCantos e EsPaços, a atividade é gratuita, aberta para todos os públicos e será realizada no Memorial Governador Régis Pacheco, na Praça Tancredo Neves, centro, às 8h.

A mesa de abertura contará com a presença dos professores Ana Castilhano, de Psicologia; Benedito Eugênio, coordenador da Pós-Graduação em Ensino; e José Ricardo Marques dos Santos, de Antropologia, todos da própria UESB. Além deles, o professor Felippe Decrescenzo, arquiteto e Chefe da Divisão Técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) na Bahia, participará do evento. Todos os convidados discutirão temas relacionados à casa e à moradia, conforme suas áreas de atuação, e ouvirão os relatos dos moradores.

O projeto é coordenado e idealizado pela professora Mary Weinstein, do curso de Jornalismo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). Segundo a professora, a proposta busca uma abordagem jornalística, com foco na importância de documentar as histórias de vida e os lares dos entrevistados. “O objetivo é praticar um Jornalismo não previsto, voltado para história e para as contribuições de cada pessoa, nosso intuito é que o entrevistado conte sua história de vida e da casa. Assim, fazemos também uma espécie de mapeamento narrativo da cidade, pois ao falar de casas, falamos de memória e da cidade que estamos construindo.” 

A professora Mary explica que a abordagem de coleta do material para a construção dos produtos audiovisuais abrange diversidade de histórias, entrevistas e estilo de casas. “Este trabalho jornalístico conta com 15 audiovisuais, cada um com três entrevistados falando sobre suas casas. Não somos invasivos; mostramos apenas a fachada da casa e o local onde a pessoa escolhe ser entrevistada, seja uma sala, um sofá ou uma varanda.” 

A coordenadora destaca a importância do cuidado em realizar um trabalho como esse. “Os relatos das pessoas são feitos de forma muito espontânea, sem pressão, como se não houvesse uma câmera. Elas são colocadas à vontade para falar. As entrevistas geralmente são feitas por repórteres compreensivos, pedindo licença para entrar na vida delas. Esse respeito é importante na captação dessas informações.”

Além disso, a coordenadora enfatiza o cuidado em manter um ambiente de confiança e respeito durante as entrevistas. “É uma generosidade das pessoas compartilhar suas histórias de vida, da casa, da rua, e isso nos apoia para compreender a cidade […] as pessoas amam onde moram; é o reflexo delas. A casa é um lugar importante para qualquer pessoa.” 

Já em sua terceira edição, o projeto conta com uma linearidade de metodologia estabelecida, este ano a iniciativa conta também com a participação dos estudantes do curso de Jornalismo da Uesb. “As duas primeiras edições foram fundamentais, pelo próprio conteúdo e pela forma como conseguimos realizá-los, agora temos uma metodologia. Foi muito mais prático, embora ainda seja complicado, porque envolve alunos. Eu tive cem alunos. Orquestrar todo o trabalho é complicado. São muitos vídeos, entrevistados, ruas, bairros e cidades. Então, a organização é essencial.” destaca.

A estudante do quarto semestre do curso de Jornalismo da Uesb, Lêda Lima, participa da iniciativa e também é bolsista do Projeto de Extensão Casas e Memórias. No semestre passado, durante a disciplina de Comunicação e Cultura, a estudante  produziu um vídeo como atividade curricular, o que despertou seu desejo em trabalhar no projeto “Casas e Memórias”. “Ali, foi possível aplicar os conhecimentos teóricos na prática, embora de uma forma diferente, em que o jornalista desenvolve a escuta e dá voz às pessoas entrevistadas. Ligávamos a câmera e deixávamos o entrevistado ser protagonista de sua própria história. No vídeo, captávamos a relação do entrevistado com sua moradia, e lindas histórias vieram à tona.” destaca a estudante. 

O estudante de Jornalismo e poçoense, João Roferr, também participa do projeto. A casa escolhida por ele para contar a história foi a Casa Amarela, conhecida visualmente por muitos que transitam pelo centro da cidade. João conta que a escolheu por já conhecer um pouco da história. “Eu procurei um lugar que transmitisse uma lembrança da cidade de Poções. (….)Eu tive a oportunidade de conhecer a dona da casa, que me apresentou com maior gosto, e ela gostava da ideia de eternizar a casa e isso me sensibilizou”.

João Roferr- Foto: reprodução

O projeto tem como foco a cidade de Vitória da Conquista, mas como o curso também tem estudantes de outros municípios, a professora aceitou a proposta dos alunos de levar casas dos seus lugares de origem. Para João Roferr, isso foi uma oportunidade de mostrar para as pessoas um pouco de Poções. “Gostaria que as pessoas de outros lugares tivessem um olhar para essa cidade que eu moro, então é importante essa participação, por uma questão não só de representatividade, mas também de provocar a curiosidade das pessoas de fora”, conta.  

A professora Mary frisa como a iniciativa contribui para a preservação da história das moradias no interior da Bahia. “Os relatos se tornam registros de modos de vida de uma época. E também auxiliar na relação dialógica, que envolve as experiências e as formas de contar essas experiências, considerando-se também a forma de falar, a linguagem corporal, a corporeidade. Tudo isso é capaz de fazer a pessoa pensar, depois de escutar.”

E salienta a vontade de querer explorar novas alternativas na produção do Jornalismo, uma abordagem onde o protagonista da informação se sinta bem e respeitado. “Queremos ouvir e encontrar outra forma de fazer jornalismo, valorizando a simplicidade das pessoas, sem espetacularizar suas histórias. O que nos interessa é o relato genuíno da pessoa, com sentimento, porque ela está falando da coisa mais importante para ela: sua vida. E isso merece nosso respeito.”

O Projeto de Extensão Casas e Memórias é coordenado pela professora doutora em Cultura e Sociedade, Mary Weinstein, do Curso de Jornalismo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Selecionado pelo Edital nº 132/2024, lançado pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (PROEX), o projeto conta com a parceria do Programa de Pós-Graduação em Ensino (PPGEn) da UESB e do Museu de Arte da Bahia (MAB).

Foto de Capa: João Roferr

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