No cenário esportivo local, uma iniciativa vem se destacando por levar o aprendizado do voleibol para adolescentes, jovens e adultos poçõenses. O projeto “K-Langos Voleibol” teve início no ano de 2022, por meio de uma parceria entre pessoas já experientes e apaixonadas pelo esporte, com o objetivo de fomentar a prática do vôlei na cidade e contribuir para o desenvolvimento técnico dos alunos no esporte.
“A ideia surgiu de uma conversa entre Walta, Lucas, eu, e alguns que já jogam vôlei a mais tempo. Que seria legal Walta treinar algumas meninas para ter um time aqui, pois ela joga com o time masculino por falta do time feminino”, conta Luan Carvalho, um dos treinadores e idealizadores do projeto. Assim, decidiram levar a ideia adiante. Segundo Luan Carvalho, eles passaram a divulgar as aulas de vôlei nas redes sociais, em colégios e entre amigos. Além disso, passaram a procurar um local apropriado para os treinamentos.
Atualmente, a equipe de treinadores é composta por quatro pessoas: Walta Honório, Luan Carvalho, Saadia Freire e Lucas Souza. O projeto começou a ser construído aos poucos e, dessa forma, Saadia passou a integrar a equipe após um convite de Walta Honório, graças às experiências que elas compartilharam no passado. “Jogamos juntas na seleção feminina de vôlei de Poções há algum tempo atrás, e conhecendo a escolinha, aceitei o convite porque acreditei no projeto e ainda acredito que vai valer muito a pena”, conta.
Lucas Souza, também idealizador do K-Langos, revela que no começo algumas pessoas que passaram a fazer parte do projeto não tinham nenhum conhecimento do esporte, e por isso começaram a aprender com quem jogava há mais tempo.
Atualmente, o projeto possui um time masculino que disputa amistosos, mas a equipe de monitores deseja tirar do papel a ideia inicial de ter um time feminino para treinar e competir. “Esperamos que desse projeto, saia pelo menos um time feminino para representar nossa cidade, e estamos trabalhando firme para que isso aconteça o mais rápido possível”, conta Saadia. Luan Carvalho reforça que o projeto começou pelo desejo de formar um time feminino e, segundo ele, esse desejo está cada dia mais real dado a vontade das meninas que treinam.
Como o projeto se mantém?
A iniciativa possui uma média de 80 alunos com idades a partir dos 13 anos e começou com uma frequência de três dias de aula por semana. No entanto, atualmente funciona apenas em dois dias: na segunda-feira, para a turma avançada, e na terça-feira, para os alunos iniciantes, com um acompanhamento mais intenso.
Os treinos acontecem à noite, na Quadra Crésio Rolim, no bairro Urbis. O espaço é disponibilizado pela prefeitura de Poções, mas a quadra não possui cobertura, resultando em cancelamentos das aulas em dias de chuva devido aos riscos de acidentes. O projeto não tem fins lucrativos e não cobra pela participação dos alunos, os monitores atuam de maneira voluntária, e os treinadores não têm recursos para proporcionar toda a estrutura que o esporte requer.
Como todo projeto voluntário, o desenvolvimento das atividades do K-Langos Voleibol buscam parcerias e apoio de empresários da cidade, parceiros que possam ministrar palestras, além de doação e apoio para a promoção de rifas e arrecadação de fundos que serão destinados a compras dos materiais necessários para as aulas. “A nossa maior dificuldade é o pouco tempo para desenvolver os alunos e o material escasso, visto que o vôlei não é um esporte barato”, afirma Luan Carvalho.
Saadia relata que no momento o projeto necessita de itens básicos para treinamento como bolas, joelheiras e rede. A falta desses materiais se torna um empecilho para o desenvolvimento do projeto. Lucas Souza conta que os times do K-Langos ainda não treinam para competir por conta da falta de um local para a realização de treinos mais intensivos.
A constância do treinamento é um fator que faz a diferença. Saadia Freire ressalta que o ideal seria ter uma frequência maior de treinos para que os alunos pudessem evoluir no esporte. “Treinamos só dois dias na semana, o que acaba sendo pouco para uma evolução mais considerável. Os alunos reclamam querendo mais dias, mas, infelizmente, até o momento, não conseguimos local”, diz.
Os alunos do Projeto
Matheus Alves de 19 anos é um dos alunos do projeto, ele conta que sempre teve paixão pelo vôlei e já chegou a competir quando estava no ensino médio, no entanto, parou pela falta de lugar para treinar na cidade. Matheus voltou a praticar o esporte por conta do projeto. “O projeto K-Langos foi uma ótima oportunidade para voltar a treinar e estou achando tudo incrível, é o primeiro projeto de vôlei que vejo aqui na cidade e eu acredito que seja algo muito positivo para essa diversidade nos esportes, já que possuímos grandes atletas aqui”, conta.
Matheus conheceu o projeto há alguns meses por meio de amigos e sua mãe, que também começou a participar das aulas. Para ele, a importância do projeto está na inclusão que ele promove entre pessoas que já tem afinidade com o esporte e outras que desejam aprender. “Com isso, tanto quem não sabe jogar, quanto quem já sabe, pode ter a oportunidade de estar treinando e melhorando as próprias habilidades em conjunto. O que é incrível para atrair mais pessoas para o esporte e criar uma comunidade cada vez maior”.
Assim como Matheus, Thainara Meira também conheceu o projeto por meio de amigos. Ela participa do K-Langos desde 2022, ano em que o projeto teve início. Thainara conta que começou a aprender sobre o esporte por incentivo dos treinadores, e como os muitos alunos que passam pelo projeto, logo de início aprendeu os fundamentos. Para ela, o K-Langos se tornou muito mais do que um projeto de vôlei. “O projeto é a minha segunda casa, se tivesse como, estava presente todos os dias”, afirma.
Para essas pessoas, o projeto é uma oportunidade de aprender, praticar e quem sabe, se profissionalizar para competir em um esporte pelo qual são apaixonados. Para Luan Carvalho, isso mostra o poder que o projeto tem em promover a prática do vôlei em Poções, é uma forma de “resgatar o esporte e colocá-lo em evidência, fazendo com que as pessoas conheçam e se apaixonem. Sem contar que ter jovens envolvidos com o esporte é garantia de uma sociedade que aprende a conviver em grupos e trabalhar em equipe”.
Saadia Freire deseja que “os jovens pratiquem mais esportes e que levem o que estão aprendendo para outras gerações”, para que assim a prática do vôlei seja passada adiante. Matheus Alves, afirma que o K-Langos o proporcionou várias experiências. “É uma oportunidade incrível para trazer bons valores, atividade física e diversão para jovens e adultos”. Além de desenvolver habilidades esportivas, o K-Langos Voleibol tem sido um espaço de integração e aprendizado para a comunidade de Poções.
Fotos: Vanessa Pacheco e arquivo pessoal