O número de casos de dengue aumentou significativamente no município de Poções, nas últimas semanas. Conforme o último Boletim Epidemiológico divulgado pela prefeitura municipal na última terça-feira(13/04), são 196 casos de dengue confirmados no município, já no boletim anterior, publicado no dia oito de abril, a quantidade de casos confirmados era de 141, um aumento de 55 casos confirmados da doença, em nove dias.
Ainda segundo o último Boletim, já são 1.432 casos da dengue, e um caso de chikungunya notificados, seis pacientes hospitalizados e um óbito ainda em investigação. De acordo com o educador em saúde e agente de endemias, Walter Marques, a dengue foi identificada em todos os bairros da cidade, porém os bairros com maior incidência são: o Indaiá, Lagoa Grande, Primavera e Bairro São Paulo.
Por conta da incidência da doença, a população é incentivada a procurar atendimento médico imediato se apresentar sintomas como febre alta, dores musculares, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo, pois o diagnóstico precoce pode evitar complicações graves da doença.
A estudante Thaís Maria, de 26 anos, está entre as pessoas do município que foi infectada com o vírus da dengue nas últimas semanas. Ela conta que percebeu que estava com dengue devido a um constante mal-estar que foi piorando com o passar dos dias. “Passou a não ser só um mal-estar, a dor de cabeça começou ficar muito forte, a dor nos olhos, a febre e a dor no corpo.”
Para Thaís Maria, os sintomas que ela mais teve dificuldade em lidar durante o período de uma semana com a doença, foram as fortes dores de cabeça e dores nos olhos. “A dor de cabeça era muito forte, tinha muita dor nos olhos e sensibilidade à luz. Ficava no quarto escuro, não conseguia mexer no celular, não conseguia fazer nada”, afirma.
A dengue afetou profundamente o cotidiano de Thaís Maria durante os dias em que apresentou os sintomas. Ela afirma que não conseguia executar nenhuma atividade da faculdade, não conseguia sair de casa e até mesmo as necessidades básicas do dia a dia se tornaram um desafio. “Não tinha forças para tomar banho, não conseguia comer nada, tinha muita fraqueza. Era da cama para o sofá e do sofá pra cama”. Mesmo estando nessa situação, Thaís foi para a UPA em três momentos diferentes para ser examinada e medicada, porém, não houve necessidade de internação.
O período em que Thaís Maria passou com os sintomas da doença, segundo ela, acabou se tornando uma das piores e mais traumáticas experiências de sua vida. Não apenas pelos sintomas, mas também pelo constante medo de uma possível piora no quadro da doença.
Causas e prevenção contra o vírus da dengue
Em Poções a preocupação com o aumento dos casos de dengue se intensificou por conta do período chuvoso, que favorece a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, também da zika e da chikungunya.
De acordo com Walter Marques, o pico na quantidade de casos notificados se deve às condições climáticas dos últimos meses. “Lembro a onda de calor durante a primavera em Poções teve 38º graus de temperatura, com o aquecimento do planeta as fêmeas da espécie tem maior necessidade de se alimentar de sangue e o seu ciclo de desenvolvimento é mais rápido, ou seja em média 7 dias elas completa o ciclo: ovo, larva, pupa e alado”, afirma.
Além disso, Walter Marques aponta a acomodação e falta de cuidados da gestão, dos funcionários e dos moradores em geral, em relação à situação da dengue no município, que acaba contribuindo para a epidemia.
Os agentes de endemias estão colocando em prática algumas medidas para controlar a proliferação do mosquito como a distribuição de folders e cards educativos, capacitação de profissionais da saúde, controle e notificação de casos suspeitos, visitas à domiciliares com casos suspeitos e eliminação de criadouros do mosquito. Eles ainda fazem borrifação e tratamento com larvicida nas casas. Também foi implementado o comitê de combate à dengue.
Outra medida que tem sido implementada é a educação em saúde nas escolas visando a prevenção e combate à doença. “A temática Arboviroses, realizada da creche ao Ensino Médio em nosso município, nos traz uma perspectiva de mudanças e transformações sociais, penso a educação o meio mais eficaz para combater o Aedes“, diz Walter Marques.
Além disso, o agente de endemias ainda afirma que a população pode ser mais ativa observando sua casa e as proximidades. “Temos 80% dos focos nas residências, só precisa de 10 minutos da semana para verificar o quintal e eliminar os criadouros, a melhor forma de eliminação é a fase aquática, larvas e pupas. Não o deixar nascer, fechar todos os depósitos, limpar os terrenos baldios e obedecer aos dias da coleta do lixo.”
A experiência pela qual Thaís Maria passou com a dengue fez com que ela tomasse consciência de alguns hábitos, principalmente durante o período de maior infestação. “Continuo me cuidando, usando repelente, uma blusa que cubra mais o corpo, não usando roupas que expunham as pernas.” Ela afirma que agora, mais do que nunca, as pessoas devem ficar atentas a possíveis criadouros no seu próprio quintal, na casa de vizinhos e terrenos baldios, além de se proteger com repelentes e roupas que cubram o corpo.
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