A luta diária pela proteção de animais em situação de vulnerabilidade em Poções

Por Leila Costa
Publicado em 15/07/2023

Animais de estimação são companheiros que trazem uma série de benefícios  para a saúde humana. No entanto, muitos animais de estimação, principalmente cachorros e gatos são abandonados e passam a viver vulneráveis nas ruas. De acordo com dados do Instituto Pet Brasil, o número de  pets em condições de vulnerabilidade era de 8,8 milhões, no ano de 2022. Ainda segundo a pesquisa, o número de animais resgatados por maus tratos ou abandono foi de 184.960, no ano, sendo o índice maior de cães, com 177.562 e gatos, com 7.398 animais.

Esses animais abandonados, muitas vezes, encontram o amparo de pessoas, ONGs e associações de proteção animal. Essas instituições trabalham para resgatar, cuidar e dar um novo lar aos animais em condições de vulnerabilidade. 

Em Poções, a Associação Amigos dos Bichos-AAB, há mais de dez anos, atua de maneira voluntária na proteção e cuidados de animais em condições de vulnerabilidade.

O projeto foi pensado e idealizado pela psicóloga Karine Amaral. Ela conta que sempre gostou de animais, por isso cuidava e alimentava animais de rua e tinha muita vontade de fazer mais por eles. “Teve um momento que eu comecei a ficar sabendo de outras pessoas que ajudavam animais, que cuidava, reabilitava,  pegava na rua para dar um remédio. Foi então que tive a ideia de fazer uma lista com os nomes de todas essas pessoas e as convidei para uma reunião com a proposta de unirmos forças e tentar fazer algo maior. E aí começamos a fazer coisas maiores”, relata Karine Amaral.

A psicóloga Karine Amaral, fundadora da ONG

Com a reunião desse grupo de pessoas a AAB foi formada e, a partir de então, os criadores se dividem nas atividades do projeto que envolve alimentação de animais de ruas, cuidados com animais doentes, cirurgias, cuidados e reabilitação de animais atropelados, organização de mutirão de castração e encaminhamentos para adoção.

O projeto é mantido por voluntários que trabalham em outras áreas e dedicam um tempo para cuidar dos animais. Atualmente a organização está regularizada e os voluntários se dividem nas funções. A AAB possui uma comissão de geração de renda, responsável pela captação financeira, a comissão da comunicação, responsável pela administração da página e por criar campanhas para redes sociais, a comissão das adoções, responsável por achar um lar para o animal reabilitado e os filhotes e também conta com a diretoria, presidente e tesoureiro.

O presidente em exercício é o corretor de imóveis Mauricio Barbosa. Ele destaca que  atualmente a associação tem focado em ajudar os animais em alto risco.  “Os animais atropelados, animais que têm doenças que já estão em estágios avançados e mães com filhotes, porque o espaço que temos é pequeno  e não temos como ajudar todos, então a gente foca mais nos animais mais necessitados”.

Mauricio Barbosa, presidente da AAB

Além desses animais, a ONG atua ainda em defesa de animais que sofrem maus tratos ou são vítimas de violência. “Quando ficamos sabendo que tem um animal de rua que está sendo vítima de maus tratos,  tomamos a frente e ele não fica sem representação. Quando nós encontramos um animal que tem dono, mas o dono é omisso ou é o agressor, nós entramos com representação contra o dono e em favor do animal. Nós também temos a comissão que faz a visita, busca conscientização, conversar, falar do direito do animal e do dever do tutor, depois retornamos lá para ver e se o animal estiver na mesma situação a gente entra com Boletim de Ocorrência”, argumenta Karine Amaral. 

Atualmente alguns animais ficam em um espaço cedido pelo poder público municipal e outros ficam em lares temporários nas casas dos próprios ativistas voluntários, pois a Associação ainda tem um canil para acolher os animais. 

Com a regularização como ONG- Organização não Governamental, a AAB conseguiu alguns avanços como a aprovação de projetos no Legislativo Municipal. “Nós conseguimos a aprovação de alguns projetos na Câmara Municipal, como  o da subvenção municipal, embora nós ainda não estejamos recebendo, mas já está aprovado e sancionado; o projeto de castração de cadelas e gatas de rua e de famílias de baixa renda também já está aprovado e sancionado, mas também ainda está engavetado. Nossa luta agora é para efetivação dessas leis, mas nós conseguimos alcançá-las graças à organização da ONG e os apoios”, relata Karine Amaral. 

Todo recurso que entra para a Associação Amigos dos Bichos manter as atividades vem de doações e da organização de eventos beneficentes, como o bazar, feijoadas e até rifas. Esses eventos ajudam a arrecadar fundos para arcar com os gastos da associação. 

Karine Amaral conta que mesmo com as parcerias, doações de rações e remédios a AAB enfrenta dificuldades na manutenção das atividades, já que alguns tratamentos e cirurgias não são feitos na cidade de Poções e necessita do deslocamento do animal para outra cidade. “A AAB não tem recurso financeiro nenhum, hoje nós temos muitas dívidas, inclusive nesse momento estamos com uma cadelinha que resgatamos ontem, atropelada e ela precisa fazer uma ultrassom que não faz aqui na cidade e temos que levá-la para outra cidade, então nós, na nossa correria de trabalho, muitas vezes não temos como deslocar para lá na emergência que o animal tem, também o recurso financeiro para fazer isso e o veículo para levar”. 

Como ajudar?

Para manutenção das atividades, a Associação Amigos dos Bichos necessita de doações e apoios da população, principalmente porque a subvenção aprovada ainda não está sendo repassada pelo poder público. 

A população pode ajudar sendo um voluntário e colaborando com as atividades diárias, como banhos, alimentação, remédios e limpeza dos animais. Pode também doar rações, remédios e contribuir financeiramente. “As pessoas podem ajudar por meio da nossa conta bancária,  podem também nos procurar para fidelizar a contribuição mensal, temos um cadastro para a pessoa declarar quanto ela pode doar e a data e assim ela pode ser um colaborador fidelizado. Pode também doar aquele remédio que sobrou do tratamento do seu animal, que vai perder para você, mas a ONG vai usar”, explica Karine Amaral. 

É necessário também a doação de roupas, bolsas, cintos e sapatos para o acervo do brechó. Além disso, com a chegada do inverno e a queda das temperaturas, os animais também precisam de agasalhos para ficarem aquecidos. Dado isso, a população pode contribuir doando cobertores, lençóis, mantas, toalhas, casinhas e fraldas. 

As doações em dinheiro podem ser feitas em depósito na conta da Caixa Econômica Federal: Agência 1435; Conta Poupança 34537-7; Operação 013, pelo Pix AAB na Chave: 24931731000119 ou procurando a associação na página do Instagram

As doações de objetos como roupas, cobertores e casinhas ou remédios e rações podem ser deixadas nos pontos de apoio: na Designer Papelaria localizada na rua Vitória da Conquista, sob a responsabilidade de Mônica; no Espaço Pilates de Fabrício Gardelin, na rua Sebastião Cardoso; em Mayara Móveis, localizada próximo ao cartório eleitoral ou ainda na Lajes Amaral, localizada no bairro Alto do Recreio. 

Karine Amaral lembra que a população também pode ajudar  colocando comidas e água para os animais de rua. “Se as pessoas começarem a praticar mais o lado humano e pegar a comida que sobra lá dentro de casa e vai para o lixo, coloca em uma vasilha e põe lá fora. ‘Ah! Mas esse bicho vai ficar na minha porta’. Então põe mais distante,mas não joga fora, sempre tem um bicho com fome e sede lá fora”. 

Outra forma de ajudar é adotando um dos animais em reabilitação.

Por que adotar? 

Adotar animais que estão em situação de vulnerabilidade nas ruas ou em reabilitação nos abrigos é dar a eles uma oportunidade de vida digna e feliz,  em um novo lar, evitando que ele passe o resto da vida em abrigos ou retorne para as ruas. 

“Esses animais que pegamos na rua para cuidar, ou que são atropelados ou ainda as mães com filhotes, nós sempre tentamos não colocar eles de volta nas ruas, sempre encaminhamos eles para adoção.  Sempre falamos que eles estão na rua, mas eles não são de rua e seria interessante se todo mundo abraçasse essa causa cada um desse um pouquinho de si”, conta o presidente da associação, Maurício Barbosa.  

Cão sob os cuidados da ONG

Para a psicóloga Karine Amaral, cachorros e gatos são eternas crianças que dão vida e alegrias a um lar. “Na AAB temos adultos castrados, temos filhotes, gatos e cachorro. Então, ao invés de comprar, por que não adotar? Quando você adota um animal que tem um histórico de rua, você está dando a ele a oportunidade de ter uma família e impedindo que ele volte para a rua como animal comunitário”.

O abandono de animais é um dos fatores que contribuem para o alto número de animais em situação de vulnerabilidade nas ruas. Karine Amaral alerta que muitos animais abandonados nas ruas, principalmente os filhotes, não chegam à fase adulta, pois não conseguem sobreviver.  “As pessoas precisam ter consciência de que o animal é uma vida, um filho que você tem, se você não tem condição de criar, de ter um animal, então não adote, não tire uma oportunidade da vida dele”. 

Lembrando que o abandono e maus tratos de animais são crimes com base na Lei 9.605/98, artigo 32, com pena que varia de três meses a um ano de detenção. Se o crime for cometido contra cães e gatos, o agressor pode pegar de 2 a 5 anos de prisão.  

O crime de maus-tratos se caracteriza  como o ato de abandonar, ferir, mutilar, falta de higiene, não disponibilizar ao animal abrigo do sol ou da chuva, não alimentar e dar água e negar assistência veterinária. As denúncias para esse tipo de crime podem ser feitas por meio da Delegacia Virtual, na Polícia Militar no número 190 ou na Polícia Civil no número 181.

Fotos: Arquivos pessoal

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