Apesar das dificuldades enfrentadas por alunos e professores, e do sucateamento da educação no Brasil, estudantes de escolas públicas dos municípios de Barra do Choça e Poções conquistaram menção honrosa na 16ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP).
A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas que também acontece para escolas privadas, é um projeto nacional realizado pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada – IMPA, com o apoio da Sociedade Brasileira de Matemática – SBM, e promovida com recursos do Ministério da Educação – MEC e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações– MCTI, tendo como público alvo alunos do 6º ano do Ensino Fundamental até último ano do Ensino Médio.
Alguns dos seus objetivos são: estimular o estudo da matemática; contribuir para a melhoria da qualidade da educação básica possibilitando que um maior número de alunos brasileiros possa ter acesso a material didático de qualidade; promover a inclusão social por meio da difusão do conhecimento, entre outros.
Bruno Tavares Silva, 14 anos, aluno do Centro Educacional Manoel Ramos, situado no Sossego, zona rural de Barra do Choça, foi o único aluno do município a receber o destaque na 16ª OBMEP. Essa conquista é fruto de muito esforço, dedicação e do incentivo da escola.
“Eu me sinto honrada pelo empenho do meu filho, pois ele sempre estudou em escola pública e sempre foi esse menino esforçado, semana de avaliações para ele é como se fosse fazer uma prova para concurso”, conta a pedagoga Aparecida Francisca Tavares Silva, mãe do adolescente. Para Aparecida Tavares, esse destaque comprova a importância de investir na escola pública, sobretudo nas zonas rurais, locais muitas vezes esquecidos pelo poder público.
A coordenadora do CEMR, Eliene Souza Lima, evidencia a importância da escola na formação desses adolescentes e na construção da cidadania. No início do ano letivo a escola traça em seu planejamento ações que denotam a importância da participação dos alunos na OBMEP, fomentando a sua participação.
“Mesmo encontrando muitas dificuldades, a equipe escolar se empenha no sentido de mostrar para os alunos que é através da educação que eles podem mudar a sua realidade. Receber este prêmio só reforça a dedicação e comprometimento dos alunos e da família na busca por uma sociedade mais justa para todos”, afirma.
Eliene Souza também ressalta o impacto desses projetos na vida dos próprios alunos. “Ao se prepararem para ter um bom desempenho na OBMEP, os alunos melhoram o seu desempenho em sala de aula, contribui para uma maior aproximação dos alunos com a disciplina de matemática sem contar que promove a inclusão social por meio do conhecimento”, conta.
Sophia Amaral, 12 anos, aluna da Escola Municipal Wolnéa Macêdo, de Poções, é uma dos cinco alunos do município a receber a mesma menção honrosa pela 16ª OBMEP, esse é sétimo ano consecutivo que a escola recebe destaque na avaliação.
Para a gestora da escola, Angela Ferreira Sousa, essa é uma avaliação que oportuniza avaliar tanto o trabalho pedagógico quanto o nível dos estudantes da rede pública nacional.
“Receber uma premiação de nível nacional é fantástico, prova que os estudantes da rede pública também podem se destacar no universo educacional. Um exemplo claro é que o medalhista de ouro do nosso estado, da cidade de Barra da Estiva, recebeu uma bolsa na UFBA no curso de Medicina e os estudantes medalhistas recebem o direito de ingressarem no mestrado na rede pública após concluírem a graduação”, declara.
Ana Luiza Santos Loiola e Gabriel Barbosa G. dos Santos do Grupo Escolar Alexandre Porfirio, Erick Nascimento Rocha da Escola Municipal Dr. Antônio Carlos Magalhães e Lorena Maciel de Morais da Escola Municipal Luís Heraldo Duarte Curvêlo também foram destaques do município na 16ª OBMEP.
O sucateamento da educação pública brasileira
Em maio de 2022, o presidente Jair Bolsonaro (PL) determinou o corte de R$ 3,23 bilhões no orçamento do Ministério da Educação (MEC), sob a justificativa de reajuste dos salários de todo o funcionalismo público federal em 5%. Em junho do mesmo ano, o MEC voltou a sofrer cortes, dessa vez diretamente ligados às instituições federais de ensino.
Além dos cortes orçamentários, o quarto ministro da educação do atual governo, Milton Ribeiro, recebeu prisão preventiva após acusações da formação de um esquema de corrupção dentro do ministério. De acordo com as denúncias, o pastor presbiterianos, juntamente com outros dois pastores que eram seus assessores, haviam estabelecido um “gabinete paralelo” na distribuição de verbas federais destinadas à educação.
Essas informações revelam que a educação pública no Brasil vem sofrendo um grande desgaste nos últimos anos. É importante destacar que além desses cortes diretos, alunos de escolas públicas ainda enfrentam dificuldades no acesso à educação, diante das desigualdades sociais.
