Alunos de Poções são destaques em redação do Enem, com notas acima da média

Por Leila Costa
Publicado em 02/02/2024

Estudantes de Poções estão entre os alunos que conquistaram notas acima da média no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A média da pontuação é divulgada por área de conhecimento, no Enem 2023, a média foi 641 pontos. 

O município se destacou com a presença de um aluno entre os 60 de todo país que obtiveram a nota 1000, pontuação máxima da prova, e também pelos alunos que foram destaques por alcançarem pontuações altas, acima da média geral de todo país.

Nota mil e aprovação em 1° lugar no curso de Medicina da Uesb

O estudante Alex Maciel Novaes é um dos dos quatro estudantes baiano que conquistaram a nota máxima na redação do Enem 2023, com a nota, Alex Novaes foi aprovado em 1° lugar no Sistema de Seleção Unificada (SiSU) para o curso de Medicina da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). Ele conta que se sentiu realizado “como se tivesse tirado um peso das minhas costas, porque percebi que todo o meu esforço teve resultado”.

Alex Maciel- Foto: reprodução da internet

Alex Novaes é egresso de uma escola particular e faz as provas do Enem desde o ano de 2019. Ele conta que se preparou para as provas estudando em casa e fazendo simulados semanalmente. Para a redação, além das aulas online que assistia e de escrever textos, também fazia correções de redações do Enem de anos anteriores. “Eu selecionava, sem saber a nota, várias redações de anos anteriores do Enem e as corrigia, no final eu observava se minha correção estava de acordo com a correção original. Isso me ajudou muito”.

Alex Novaes é filho de uma professora de redação e também sobrinho de professora e aproveitou essas oportunidades, sempre que precisava. Ele conta que sua mãe sempre o ajudou e o incentivou. “Além de ela ser professora de redação e sempre me dar apoio nessa área, ela também, desde sempre, me incentivou a estudar”.

Para o estudante, alguns dos diferenciais para alcançar a nota máxima em redação foram: a preparação para escrever sobre qualquer tema e o foco na na autoria do texto. “Eu vejo muitas pessoas que possuem a redação muito padronizada e engessada e o corretor percebe isso quando lê o texto. Eu me preparei para fazer algo mais autoral, menos padronizado, que chamasse a atenção do corretor quando ele lesse meu texto”.

A conquista dos alunos da escola pública

Alunos das três escolas estaduais de Ensino Médio também se destacam ao alcançar notas acima da média, chegando a obter notas 980 e 960 pontos e aprovações em cursos em universidades, incluindo a aprovação de uma estudante do Colégio Estadual Dr Roberto Santos para o curso de Medicina na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Felipe Ribeiro foi aluno do Colégio Estadual Eurides Santana até o fim do ano passado, além da aprovação no curso de Letras na Uesb, o estudante também está entre os destaques na redação do Enem com a pontuação de 920. Ele conta que ficou surpreso, pois não esperava que a nota fosse tão alta. Ao mesmo tempo ficou grato por saber que seus esforços valeram a pena. 

Para o estudante, a dedicação e persistência foram fundamentais para alcançar a nota. “Cada texto que escrevia era a oportunidade de melhorar cada vez mais. Além disso, tenho uma imensa gratidão aos meus professores, devo muito a eles”.

Além das aulas regulares na escola, Felipe Ribeiro também estudava em casa, e em setembro de 2023, começou a estudar no cursinho comunitário Maria Firmina dos Reis. “Busquei priorizar os conteúdos que mais aparecem na prova. Videoaulas e materiais didáticos sempre foram meus aliados, porém o que mais me ajudou foi resolver provas antigas. Para redação, meu objetivo foi dominar a estrutura do texto e aumentar cada vez mais o meu conhecimento de mundo”, conta. 

Felipe Ribeiro- Foto: reprodução da internet

Outra estudante do Colégio Estadual Eurides Santana que também foi destaque na redação é Esmeralda Barros.  Ela, que fez o Enem pela primeira vez, conseguiu 860 na Redação e foi aprovada para o curso de Geografia na Uesb pelo SiSU. “Esse ano eu pretendo fazer Geografia, mas não era o que eu queria. Por isso, penso na possibilidade de fazer o Enem novamente, para tentar Nutrição ou Psiquiatria”, revela.

Esmeralda Barros- Foto: reprodução da internet

Para a vice-diretora do Colégio  Estadual Eurides Santana, Dinorá Dias, os bons resultados das notas das redações dos alunos são consequência de três coisas: “o professor de língua portuguesa e redação, porque é ele que vai te dar a técnica […], o aluno que precisa estar disposto a praticar, porque a redação também é prática e é preciso repertório, esse repertório é construído pelo aluno, pelo que ele faz no dia a dia, o que ele lê, se ele assiste um jornal, se ele se interessa pelo que está acontecendo no mundo. Eu entendo que aí é que entra o diferencial da nossa escola, porque esse repertório é construído também pelas disciplinas como um todo. É o professor de História, o professor das estações, o professor das eletivas, de Filosofia, de Geografia que vai ajudar o aluno a construir o repertório”, conta.

Michele Sousa está entre os estudantes do Colégio Estadual Dr Roberto Santos que conquistaram notas acima da média na redação. A estudante fez a prova pela primeira vez e não imaginava alcançar 800 pontos na nota. “Eu nunca tinha estudado redação de forma tão detalhada. Durante o ano, eu e minha turma tivemos o auxílio da nossa professora de redação, e assim conseguimos desenvolver melhor e estruturar uma redação”, diz.

Michele Sousa- Foto: reprodução da internet

Para Michele Sousa, o uso correto das pontuações, dos conectivos e a estrutura do seu seu texto foram ferramentas que ajudaram a obter a pontuação. Ela almeja cursar Geografia na Uesb. “Sempre que tinha horas vagas, buscava estudar um pouco”.

Já Mariane da Silva Oliveira, estudante do Colégio Isaías Alves, conquistou 900 pontos na redação. Ela fez a prova pela primeira vez e conta que ainda não pretende entrar em uma  universidade. “No momento não quero fazer nenhuma faculdade, quem sabe mais pra frente, mas estou à procura do que eu realmente quero, pois quero fazer algo que eu não vou me arrepender depois e que eu realmente gosto. Um curso que eu tenho em mente é de comissária de voo e, como de costume, aqui não tem e eu teria que ir pra outro lugar, mas por enquanto vou estudando em casa para saber mais sobre isso e ver se realmente o que quero”.

Mariane da Silva Oliveira- Foto: reprodução da internet

Darley Suany Leite é professora de Redação para as turmas de 3°ano e de Português para 1° e 2°ano do Ensino Médio no Colégio Dr Roberto Santos. Segundo ela, na escola, a ementa da disciplina de Redação foi organizada considerando o manual dos corretores da redação do Enem priorizando o texto dissertativo-argumentativo, modelo exigido pelo Enem, focando nas competências que o exame exige, além disso, as propostas de redação que a professora passava aos alunos também priorizavam temáticas como os problemas sociais que são invisibilizados no contexto brasileiro. 

“Com o intuito de fornecer repertório sociocultural para que os estudantes pudessem argumentar de forma mais eficiente, realizamos e indicamos muitas leituras ao longo da preparação, dentre os quais nomes como Chimamanda Ngozi Adichie e Djamila Ribeiro, que foram citados por vários alunos na Redação do Enem nesta edição de 2023, visto que dialogavam muito bem com o tema”, conta a professora.

Por que é importante falar dos alunos de escola pública que tiraram notas altas?

Segundo dados do Ministério da Educação-Mec, metade dos jovens que concluíram o Ensino Médio em 2023 participou do exame. Relacionado ao ensino  público, o número foi menor, com 46% dos estudantes. De acordo com os dados, em 2023 o total de alunos matriculados no ensino médio em escolas públicas foi de 1.792.396, sendo que desses 1.181.081 se inscreveram no Enem, mas apenas  837.622 alunos realizaram as provas.

Para a professora Darley, a participação e o desempenho dos alunos de escolas públicas no Enem envolve questões múltiplas e complexas. “Já tive aluno que estava preparado para obter um ótimo resultado no Enem, mas que desistiu de fazer a prova porque teria que se mudar para São Paulo para trabalhar. Outra aluna que perdeu a prova em virtude da chuva que impossibilitou o acesso do transporte à região em que ela morava. Temos alunos que enfrentam diversos tipos de violência no ambiente familiar e para esses estar na escola diariamente já é vencer uma batalha. Temos alunos que saem do diurno para o noturno pela urgência de trabalhar e que, pelo peso da própria vida, acabam entrando nos altos índices de evasão escolar. Enfim, quando conhecemos de perto o contexto da escola pública, entendemos o quanto vale cada aprovação no vestibular e cada 900+ na Redação do Enem.”

Por meio dos seus perfis nas redes sociais, os colégios divulgaram as notas dos alunos que alcançaram boas notas na redação do Enem e também na redação do vestibular da Uesb. Para Dinorá Dias, é importante a divulgação dos resultados, das aprovações e conquistas dos estudantes, pois mostra o trabalho das escolas e  também pode incentivar outros alunos. “Muita gente acha que a escola está  fazendo só propaganda, na verdade a escola está fazendo mais que isso, claro que estamos mostrando o trabalho da escola para que haja um reconhecimento da sociedade, mas é também uma maneira de incentivo, é o aluno que está vindo para o Ensino Médio que vem uma rede pública a vida inteira, pensar ‘fulana é da escola pública a vida inteira e conseguiu 980, 870 pontos, então eu também posso’”

Dinorá destaca que não é falar com o discurso de meritocracia, mas é “entendermos que sim, que quando o aluno quer e tem uma escola que dá esse suporte, é possível sim! Mesmo estando na escola pública, mesmo com tantas mudanças que a educação tem passado e que nem sempre são mudanças para melhor, nós podemos fazer um Ensino Médio bem feito.

Com as mudanças no Ensino Médio, a disciplina de redação também foi afetada o que pode prejudicar o desempenho dos alunos na realização de exames como o Enem. Dinorá conta que na escola em que trabalha a realidade dos alunos são diferentes. Os estudantes da matriz curricular antiga do Ensino Médio só tinham Redação no terceiro ano, os matriculados no 3° ano integral tinham as aulas a partir de uma matéria chamada Prática Integradora  em que a escola adotou a Produção Textual como prática. Já os alunos que estão entrando agora no Ensino Médio, não tem Redação. “Nós temos as Estações e o que estamos tentando fazer é pegar algumas dessas disciplinas eletivas, que temos essa opção, ou alguma disciplina, por exemplo uma que se chama Leitura de Mundo, e adaptarmos para Redação. Então percebemos que a depender de qual itinerário o aluno segue […], se depender da matriz que vem do MEC, ele não vai ter redação e redação é importantíssima”.

Foto de Capa: Reprodução da Internet

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