Com a chegada do verão e período chuvoso, os casos de dengue aumentaram significativamente no início do ano de 2024. De acordo com dados do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) atualizados em fevereiro deste ano, os casos da doença também apresentaram aumento se comparado aos mesmos meses de 2023. No relatório consta que no Brasil, até o momento, foram registrados mais de 408.000 casos prováveis e 4.587 casos graves da doença.
Já o relatório da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) de fevereiro, o Brasil é o país das Américas com os maiores registros de casos de dengue nos primeiros meses de 2024. Vale ressaltar que em todos os países do continente em que foram coletados os dados, a quantidade de casos aumentou em comparação ao ano passado.
Os dados do COE, também apontam que os estados que possuem a maior incidência da dengue são: Minas Gerais, Acre, Paraná, Goiás, Espírito Santo e o Distrito Federal. Mesmo não aparecendo entre os primeiros, no estado da Bahia as ocorrências de casos de dengue também aumentaram desde o ano passado, com o coeficiente de incidência subindo de 30,8 nos primeiros meses de 2023, para 33,3 em 2024. De acordo com dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), 122 municípios do estado estão em estado de epidemia, 51 municípios estão em risco e 34 em estado de alerta. Os números já somam um aumento de 209,3 % em comparação ao mesmo período de 2023 e chegaram a 29.982 casos até o dia 2 de março deste ano.
O número de óbitos também aumentou no estado e já chega a nove casos. Dois casos ocorreram em Vitória da Conquista, dois na cidade de Jacaraci, um em Piripá, um em Irecê, um em Feira de Santana, um em Barra do Choça e um em Ibiassucê.
Em Poções, de acordo com dados do Boletim epidemiológico divulgado pelo Vigilância Epidemiológica, foram notificados 73 casos suspeitos de dengue. Nove casos foram confirmados para a doença, sendo três destes com sinais de alarme, 34 aguardando resultados e cinco aguardando coleta.
Ainda de acordo com o levantamento do COE, em todo o Brasil a maior incidência de casos prováveis da dengue está concentrada principalmente na faixa etária de 20 a 29 anos, já a forma mais grave da doença está atingindo, em sua grande maioria, idosos de 80 anos ou mais.
O que é a dengue?
A dengue é uma doença inflamatória sistêmica, caracterizada por fazer parte do grupo de arboviroses, vírus transmitidos por animais artrópodes. De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil a dengue é transmitida pela fêmea do mosquito Aedes aegypti, e até o momento foram detectadas quatro sorotipos diferentes da doença que estão em circulação no território brasileiro atualmente. No estado da Bahia, dois dos quatro sorotipos foram identificados.
Outras arboviroses como Zika e Chikungunya também podem ser transmitidas pelo mesmo mosquito. Fatores como a falta de saneamento básico, o crescimento populacional e o clima da região são condições que afetam a incidência de dengue e por ser um vírus sazonal, acaba se tornando mais comum no período entre os meses de outubro e maio.
A dengue pode ocorrer em estágios, se manifestando de uma forma mais leve para a maioria das pessoas, mas pode chegar a forma mais grave e, em alguns casos, levar ao óbito. Os principais sintomas de alerta para a procura imediata de assistência médica são: febre repentina de 39 a 40°C, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações, dor atrás dos olhos e enfraquecimento.
A doença pode evoluir ainda para um estágio mais grave, também chamado de dengue hemorrágica que, de acordo com o Instituto Butantan, atinge uma em cada 20 pessoas. Nesses casos, o indivíduo pode apresentar também: dores intensas na barriga, vômitos, pressão baixa ou lipotimia – ações que se assemelham a desmaios – fraqueza intensa ou irritabilidade, aumento do tamanho do fígado, sangramento nas gengivas ou nariz, confusão mental, insuficiência respiratória e acúmulo de líquidos em cavidades corporais, como boca e ouvido.
Apesar dos dados indicarem que pessoas acima de 65 anos, mulheres grávidas e lactentes, e crianças de até dois anos correrem mais riscos de complicações e piora da doença, todas as faixas etárias estão suscetíveis a contrair o vírus, por isso é necessário que o indivíduo procure ajuda médica nos primeiros sintomas.
Como prevenir?
Para o controle da proliferação do mosquito Aedes aegypti, causador do vírus da dengue, é necessário que algumas medidas sejam tomadas. O Ministério da Saúde recomenda o uso de telas de proteção nas janelas e repelentes para impossibilitar a picada do Aedes aegypti.
Além disso, para conter sua proliferação, é preciso que as pessoas fiquem atentas a possíveis criadouros do mosquito como recipientes em que possa ocorrer um acúmulo de água, fazer a vedação de reservatórios de água e a limpeza de calhas, lajes e ralos, colocar areia em vasos de plantas e armazenar bem objetos como garrafas e pneus.
A vacinação também é uma opção de prevenção nas regiões em que já se encontra disponível na primeira campanha de vacinação contra o vírus da dengue que está prevista para ocorrer em 37 regiões de saúde do país, segundo o Ministério da Saúde. Em caso de suspeita de Dengue, procure a Unidade de Saúde ou Posto de Saúde mais próximo à sua residência. O Ministério da Saúde alerta que a automedicação é contraindicada, pois alguns medicamentos podem agravar o quadro da doença.
Foto de Capa: Nuriyah Nuyu/ Pixabay