Censo 2022: saiba a importância da pesquisa de coleta de dados

Por Leila Costa
Publicado em 10/08/2022

No dia 1° de agosto de 2022, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deu início a coleta de dados do Censo Demográfico 2022. O primeiro Censo foi realizado no Brasil Império em 1872 e, neste ano, completa 150 anos de história de recenseamento do IBGE. Para a coleta dos dados foram destinados 180 mil recenseadores que visitarão cerca de 89 milhões de endereços, onde 75 milhões são de domicílios localizados nos 5.568 municípios em todo o país, incluindo o Distrito Federal e o Distrito Estadual de Fernando de Noronha. 

O Censo demográfico é realizado a cada 10 anos, e deveria ter sido realizado no ano de 2020, mas diante da pandemia da Covid-19, foi adiado para o ano de 2021, em que também não foi realizado por falta de orçamento, ficando para o ano de 2022.

O Censo Demográfico é a principal fonte que possibilita conhecer as condições de vida da população brasileira. Por meio dessa pesquisa, será possível saber o total da população de um município, dos estados e do país, e entender como vive essa população. Em 2022, o censo apresentará dados sobre religião, povos indígenas, deficiência, fecundidade, nupcialidade, migração e/ou deslocamento para trabalho ou estudo, aglomerados tipo favelas e assemelhados, e as características do entorno dos domicílios em áreas urbanas.

Para a Coordenadora Censitária de Subárea (CCS), Samara Campos, o Censo é importante porque retrata a realidade do Brasil. “Através do Censo Demográfico podemos saber quantos somos, como vive a população, como esta se encontra distribuída em nosso território. Além disso, contribui para a tomada de decisão por parte do governo, tendo mais precisão sobre onde alocar os recursos de políticas públicas. Serve também de base para a iniciativa privada tomar suas decisões de investimentos. Também é uma importante fonte de informações para a produção científica. Para a população em geral, permite conhecer a realidade local, regional e nacional.” 

No entanto, para que esses dados sejam colhidos é necessário que a população receba o recenseador e responda o questionário que ele fará. Em Poções, a equipe censitária conta com um Agente Censitário Municipal (ACM), Quatro Agentes Censitários Supervisores (ACS) e 37 Recenseadores.   

A recenseadora Taiane Queiroz conta que há resistência por parte da população, para receber o recenseador e responder o questionário. “Alguns moradores ficam receosos em nos receber e responder as perguntas”, diz.

Já a recenseadora Lélia Oliveira relata que a coleta em seu setor  está sendo tranquila e não houve recusa dos moradores para responder ao questionário. “Faço atribuição, nesse sentido, ao fato de ter escolhido um setor em que conheço os moradores há muito tempo pois, nessas primeiras quadras que estou trabalhando, atuei por quase 14 anos como agente comunitário de saúde e sou moradora do bairro há 44 anos então, é muito tranquilo”. No entanto, Lélia Oliveira relata que  muitos colegas recenseadores encontram dificuldades, pois há muita recusa ou resistência dos moradores em fornecer as informações do questionário. 

Para Samara Campos, a resistência por parte da população ocorre “por desconhecimento da pesquisa, ou por receio, muitas vezes devido a boatos (fake news) que circulam, sobretudo, em mídias sociais”.

Porque responder ao questionário do Censo é importante?

O Censo é uma fonte de referência nacional para conhecer a população de todos os municípios. Com os dados coletados é possível identificar a população e assim, estabelecer novas políticas públicas ou aprimorar aquelas já existentes. As informações obtidas por meio Censo, também contribuem para pesquisas no meio acadêmico e estratégias da iniciativa privada. “Quando o morador presta as informações corretamente ele contribui para termos um retrato mais fiel da nossa realidade. Deste modo, conheceremos melhor quais são as necessidades da população, dos municípios e do país”, conta Samara Costa.

Sendo assim, a recusa de moradores em responder o questionário ou o fornecimento de informações incorretas é prejudicial para o município, pois os dados obtidos são usados  como referência para distribuição do Fundo de Participação dos Estados – FPE e do Fundo de Participação dos Municípios – FPM, que é a verba federal destinada a cada um dos municípios, de acordo com o tamanho de sua população e para determinar a quantidades de vereadores para o município, de deputados estaduais e federais para o estado. 

Samara Campos ressalta que quando uma parte da população local omite responder ao Censo, ou responde de forma incorreta, isso trará impactos negativos para o município, pois as informações fornecidas não irão refletir  a realidade local. “Isso prejudicará o direcionar melhor de quais ações ou políticas públicas são mais urgentes à população. Além disso, um ponto muito relevante é que a população será contabilizada menor do que realmente é e isso refletirá nas receitas que os municípios recebem”. 

Para Lélia Oliveira, o município onde os moradores não prestam as informações corretamente, podem ter prejuízos na formulação das políticas públicas para atender às necessidades da população. “Porque se a realidade não é conhecida, não tem como fazer intervenções para melhorar. Por exemplo, se há uma pergunta sobre o destino do esgoto do banheiro, a partir das respostas será possível saber sobre as necessidade ou não de se fazer rede de esgoto”, diz.

É obrigatório responder ao Censo?

Qualquer morador, acima de 12 anos de idade, presente na residência pode e deve responder ao Censo. De acordo com Lei 5.534/1968, “toda pessoa natural ou jurídica de direito público ou de direito privado que esteja sob a jurisdição da lei brasileira é obrigada a prestar as informações solicitadas pela Fundação IBGE para a execução do Plano Nacional de Estatística”. A legislação ainda permite multar quem se recusar a colaborar. “Entretanto, o IBGE prefere apostar no diálogo, esclarecimento e conscientização para buscar reverter a recusa de algum informante”, informou Samara Campos.

No Censo 2022, são aplicados dois tipos de questionários: o básico e o de amostra. O questionário básico possui menos perguntas. Já o questionário de amostra é mais extenso e é aplicado em uma parcela menor dos domicílios. Todas as perguntas do questionário básico também estão contidas no questionário da amostra. É o aplicativo utilizado para registrar os dados, o Dispositivo Móvel de Coleta (DMC), que faz a seleção automática do tipo de questionário que será aplicado em cada domicílio. O questionário da amostra é aplicado, em cada setor censitário, de acordo com o percentual de domicílios definido para o município.

A coleta de dados é feita pelo recenseador, ele é o profissional que vai até a residencial aplicar o questionário. Para exercer a função, os profissionais que atuam como recenseadores receberam treinamentos preparatórios. Os recenseadores estão sempre uniformizados com crachá de identificação, que possui um QR code, onde é possível identificar a autenticidade do servidor do IBGE, colete e boné do censo e o Dispositivo Móvel de Coleta.

Foto: Divulgação/ IBGE

Samara Campos destaca que todas as informações coletadas pelos recenseadores são totalmente sigilosas e serão utilizadas exclusivamente para fins estatísticos. “Não é possível a ninguém externo ao IBGE conseguir associar as informações estatísticas divulgadas a uma determinada pessoa. Nenhum órgão ou entidade de governo tem acesso às informações individuais prestadas pelos informantes. Somente às estatísticas, como qualquer pessoa também terá acesso. Só para reforçar, as informações prestadas não fazem cruzamento com Receita Federal, programas sociais, etc”.

Foto de Capa: Tânia Rêgo/ Agência Brasil

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