No último domingo (08/01), as ruas de Poções entraram em clima de carnaval com o 1° Desfile do Bloco da Capoeira. O evento, organizado pela Associação de Capoeira Energia da Terra e Artes Integradas (ACET), reuniu uma diversidade de segmentos culturais presentes no município em um desfile pelas ruas da cidade.
Entre os movimentos culturais presentes, grupos de ternos de Reis, como Azulão do bairro Bela Vista, São Sebastião das estrelinhas, também do bairro Bela Vista, o Terno de Reis de Seu Zé Preto, do bairro Alto da Vitória e o Terno de Reis Bom Jesus. Outro movimento artístico presente foi a dança, com a presença de grupos locais.
A música também foi destaque. Lany Fernandes, Diego Lima e DJ Leandro, além dos grupos de fanfarras Banda Munguzenza e Banda Afros Ritmos foram responsáveis pelos sons durante a concentração, trajeto e chegada. Também estiveram presentes representantes de terreiros, como Mãe Bibio de Oyá.
O carnaval em Poções é uma manifestação cultural em com registros que confirmam sua realização desde a década de 60. Na época, os carnavais eram animados por marchinhas e festas à fantasia. Atualmente, mesmo não compondo um calendário tradicional, várias manifestações carnavalescas são realizadas nos últimos anos, algumas organizadas pelo poder público e outras por iniciativas privadas ou de grupos culturais.
Manifestação Cultural
Em abril de 2024, os blocos e bandas de Carnaval, incluindo músicas, desfiles e práticas, foram reconhecidos como manifestação cultural brasileira por meio do Projeto de Lei 3.724/2021, de autoria da Deputada Federal Maria do Rosário (PT -RS) e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A lei também atribuiu ao Estado a “garantia da livre atividade e a realização de desfiles e manifestações”.
Além de ser uma manifestação cultural, os blocos de carnaval também podem agir na colaboração para “a participação ativa de grupos historicamente excluídos na vida cultural brasileira”, como mostra o estudo realizado pelos pesquisadores Márcia Aparecida Bolina, e Fabricio Ziviani, da universidade Federal de Minas Gerais(UFMG), de 2024.
De acordo com a pesquisa, os blocos de rua desenvolvem um papel fundamental na inclusão social. “Ele promove a diversidade, reunindo pessoas de diferentes origens, classes sociais, etnias, gêneros, orientações sexuais e religiões. Essa miscigenação social cria um ambiente perfeito para o respeito à diferença, o combate à discriminação e a valorização da multiculturalidade”, afirma.
Os pesquisadores apontam ainda que os blocos de rua geram diversos impactos sociais positivos. “Tendo em vista que a participação no carnaval contribui para o aumento da autoestima e do sentimento de pertencimento, especialmente para grupos marginalizados, o carnaval promove a coesão social e a redução da violência, ao unir pessoas de diferentes origens em um ambiente de alegria e respeito”.