Nesta segunda-feira, 9 de outubro, acontecerá a atividade “Não ao Assédio Moral e Sexual na Uesb: um manifesto contra a leniência institucional”, no Salão do Júri, no campus da universidade em Vitória da Conquista. Na ocasião, mulheres pertencentes à instituição e da comunidade externa se pronunciam sobre as denúncias de assédio moral e sexual na instituição. A carta manifesto, disponível para assinatura, é mais uma ação da luta.
De acordo com a professora do curso de História, e uma das integrantes do Manifesto, Márcia Lemos, é necessário reconhecer que universidade pública tem um papel social determinante, tem o compromisso de produzir conhecimento sobre a temática, mas acima de tudo, estimular uma nova sociabilidade e espelhar, na prática, o enfrentamento ao comportamento abusivo daqueles que dirigem a Autarquia “É urgente políticas de combate ao assédio, com aparelhos públicos que permitam proteger as mulheres; projetos pedagógicos que discutam o tema; campanhas informativas e espaços de acolhimento, preparados para acompanhar as situações, sem julgamento moral ou punitivismo.”
No evento do dia 9 de outubro, além da professora Márcia Lemos, estarão na mesa se manifestando sobre a discussão do assédio moral e sexual na Uesb: as professoras da instituição Maria Madalena Souza dos Anjos, Sofia Manzano e Luciana Santos Silva, que também é presidente da OAB subseção Vitória da Conquista – Bahia. Em relação às representantes externas estão Gisele Assis, que é membro Comissão de Direito Civil e da Criança e Adolescente da OAB|VCA, e Keu Souza, que é Conselheira no Conselho Municipal da Mulher e estudante do curso de História da Uesb.
O movimento contra assédio moral e sexual na Uesb é motivado por denúncias realizadas na Ouvidoria da instituição e no Sinjorba (Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Bahia). O caso começou em março deste ano, quando nove jornalistas denunciaram os casos de assédio moral que afetavam trabalhadores da comunicação do Sistema Uesb de Rádio e TV (Surte) e Ascom da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb).
Os relatos de jornalistas sobre os abusos do Surte e da Ascom são configurados em: perseguição alienação profissional, descredibilização, intimidação, isolamento nos grupos de trabalho, intransigência com a divergência de opinião e/ou método de trabalho, além de transferências unilaterais de profissionais para outros setores da universidade. Segundo o Sinjorba, a situação tem levado ao adoecimento dos servidores, alguns hoje sob atendimento psicológico e psiquiátrico.
Confira o histórico das denúncias e os acontecimentos desencadeados:
Suspeito de comandar assédio na UESB entra na justiça contra jornalistas | 7 de agosto de 2023
Por assédio no Surte/Ascom, MPT aciona UESB por dano moral coletivo | 22 de agosto de 2023
Justiça acata pedido do MPT e afasta diretor da Uesb por assédio moral | 1º de setembro de 2023
Reitoria da Uesb diz SIM ao assédio moral e sepulta investigação interna | 2 de outubro de 2023
Assédio na UESB: Sindicância reage à insinuação e omissão da Reitoria | 5 de outubro de 2023
Denúncias em universidades
Uma pesquisa do Instituto Avon, realizada em 2015 com mais de 1.800 universitários de graduação e pós-graduação de todo o país, identificou que 73% dos entrevistados conhecem casos de pessoas que sofreram com assédio sexual no ambiente universitário. Das mulheres entrevistadas, 56% delas disseram ter sofrido assédio, tendo aparecido o assédio sexual cometido por professores.
“Não são só os alunos. Um professor me trazia presentinhos toda aula e começou a mandar mensagem pelo celular. No dia da prova, ele sentou do meu lado e me deu a prova mais fácil, fez de tudo pra eu entender que aquilo era um favor. Tipo… Que ele ia cobrar”, afirmou a estudante, que não teve a identidade revelada pelo estudo.
Um projeto realizado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) e divulgado em 2023 também indica o alto número de casos não notificados para as autoridades. Segundo a pesquisa: “O perfil do cientista brasileiro em início e meio de carreira”, 47% das mulheres e 12% dos homens disseram já ter sofrido assédio sexual ao longo da carreira.
O levantamento entrou em contato com mais de 4.000 pesquisadores de programas de pós-graduação de todo o país e também aqueles que estão fora do Brasil.
Foto destaque: Sindojus-CE
Este texto é uma republicação. Texto original: Site Avoador