Oficinas “.Con” levam educação midiática para alunos de escolas estaduais em Poções 

Entre os dias 18 de outubro e 10 de novembro, o Site Coreto realizou a primeira edição do .Con, Núcleo de Educação Midiática. O projeto contou com a realização de quatro oficinas de formação para alunos do Ensino Médio dos Colégios Estaduais Dr. Roberto Santos e Eurides Santana.

Com a missão de capacitar jovens  com conhecimentos sobre mídia, território e informação, além de apresentar ferramentas importantes para decifrar as entrelinhas da informação, a iniciativa  contou com a participação de 22 estudantes do 1°, 2° e 3° ano dos dois colégios. Os alunos puderam acompanhar o caminho que é percorrido para a produção da notícia, além de questionar as problemáticas presentes em suas comunidades.

O percurso formativo teve início com a oficina “Sensibilização – o lugar onde eu vivo”, onde a jornalista e pesquisadora Andressa Oliveira levou os estudantes a identificar, com um olhar crítico, problemas presentes no lugar onde eles moram, além de questionar qual a responsabilidade social e como esses jovens podem atuar em busca de mudanças para suas comunidades. Os estudantes apresentaram problemas que os inquietam e também articularam possíveis soluções junto ao poder público e responsáveis legais, a fim de entender o que causa essas situações e como resolvê-las.

Andressa Oliveira destaca que,  além de questões como a falta de transporte público na zona rural, a falta de energia elétrica e o problema com o lixão na cidade, os alunos discutiram homofobia e racismo no ambiente escolar. ”Eles conhecem a realidade e todas as limitações impostas, mas acreditam que a escola representa um ponto de segurança para que eles consigam promover as mudanças em suas comunidades”, pontua.

A segunda oficina formativa do .Con, contou com a participação da jornalista e diretora de jornalismo do Site Coreto, Leila Costa. Nesse encontro, com o tema “Potencialização – o Jornalismo como ferramenta de transformação”, foi explorada a perspectiva do jornalismo como uma potente ferramenta para promover a transformação social. Juntos, os participantes discutiram o impacto do conhecimento e o poder da informação na construção de uma sociedade bem informada e consciente. Além disso, adentraram no universo digital, analisando de que maneira a era digital molda e influencia a compreensão do mundo que os cerca. Foi uma oportunidade para debater e aprofundar o entendimento sobre o papel transformador do jornalismo na contemporaneidade.

No terceiro encontro, Leila Costa conduziu a oficina que contou com a participação das estudantes de jornalismo e estagiárias do Coreto, Nataly Leoni e Daniela Palmeira. O tema da oficina foi “Caminhada – o trajeto técnico da produção jornalística”, nas aulas foram explorados três elementos fundamentais do jornalismo: pauta, apuração e entrevista. Os participantes aprenderam a escolher as histórias de acordo com a relevância social, definir foco, coletar informações e dados de maneira precisa e garantir a credibilidade da matéria. Eles também entenderam como questionar, ouvir e extrair informações valiosas, além de descobrir que as entrevistas são janelas para o mundo das pessoas e eventos. Para Daniela Palmeira, as oficinas foram “uma maneira de mostrar para os jovens como o jornalismo do Site Coreto é produzido, os desafios e conquistas que enfrentamos como um veículo independente, e a importância de um jornalismo ético e comprometido com a comunidade.” 

Já no último encontro, foi o momento de colocar a mão na massa. A partir dos conhecimentos adquiridos ao longo das oficinas anteriores, os alunos começaram a produzir suas próprias pautas. Com a orientação de Leila Costa, Nataly Leoni e Daniela Palmeira, os participantes tiveram a oportunidade de vivenciar um pouco do jornalismo na prática e explorar aspectos fundamentais, proporcionando ideias sobre como criar os alicerces de uma história jornalística ao selecionar os tópicos mais relevantes. No campo do roteiro da notícia, aprenderam a estruturar informações de maneira envolvente e objetiva, buscando se aprimorar na arte de contar histórias. Exploraram ainda a escolha do formato ideal para cada notícia, compreendendo como a apresentação impacta a compreensão do público. Uma experiência que visa contribuir para o desenvolvimento prático e teórico dos participantes.

A jornalista Leila Costa destaca a importância de trabalhar com a juventude temáticas ligadas ao fazer jornalístico. “É necessário que trabalhemos a educação midiática, que a população, principalmente os jovens, saibam como é produzido o jornalismo, quais as características e também que eles saibam diferenciar o que uma notícia do que é um artigo, por exemplo”. 

Ainda de acordo com a jornalista, o trabalho de educação midiática do Site visa e pode colaborar para o combate a desinformação. “A juventude precisa duvidar, questionar checar e pesquisar um conteúdo que recebeu antes de compartilhar esse conteúdo. O Site Coreto defende um jornalismo sério e ético como ferramenta de transformação social e também entendemos e salientamos a importância da educação em qualquer processo de mudança”, ressalta. 

Para a estudante Nicolli Pinheiro, as oficinas agregaram conhecimentos e aprendizagem. “Posso citar futuramente que fiz tal coisa parecida ou até mesmo usar isso para aprimorar o que eu sei. Gostei da experiência, gosto de como cada aula tem uma discussão e uma conversa para distrair e gostei de aprender os passos de como fazer um artigo também, não tinha tanto conhecimento e não é algo que nos é passado em um dia de aula”, conta.

A estudante Andressa Lemos conta que gostou de discutir as dificuldades que enfrentam em suas comunidades e sobre o fazer jornalístico. “Aprendi sobre o que é jornalismo e como essa profissão é um pouco difícil”. Já para o estudante Gustavo Brito, as oficinas foram um espaço para tirar dúvidas. “As oficinas foram incríveis. No dia que me inscrevi eu não tirava da minha mente as várias dúvidas que eu tinha sobre como de fato o jornalismo era feito, quem produzia cada tema, fazia os roteiros as pautas entre várias outras coisas. Nas quatro aulas eu sempre ia com uma expectativa e sempre voltava pra casa sentido que essa expectativa tinha sido atendida”.

Para Gustavo, que está finalizando o Ensino Médio, o espaço proporcionado pelo .Con foi também um lugar de reaprender a questionar. “Quando criança temos a mania de perguntar as coisas e tentar entender como elas funcionam, conforme crescemos apenas aceitamos o que nos é dado. Mas as oficinas nos mostraram que o que é dado pode ser melhorado. Eu aprendi a voltar a perguntar o ‘por que’ das coisas, pensar se uma situação realmente tá certa e ver melhor o lugar onde eu vivo”, expressa.

Fotos: Leonel Brito

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